A Medalha Milagrosa
de Nossa Senhora das Graças
Imagem de Nossa Senhora das Graças, que se encontra no altar-mor da capela das aparições, na rue du Bac, em Paris
Um socorro que vem do Céu
Armando Alexandre dos Santos
A Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças, cuja festa é comemorada no dia 27 deste mês, é um poderoso recurso oferecido pela Mãe de Deus aos homens, especialmente adequado a épocas de crise como a atual
“Essa medalha é milagrosa mesmo!” Eis a afirmação textual de uma senhora cearense, cujo filho era alcoólatra e se embriagava continuamente. Aflita, ela resolveu apelar para Aquela que é Mãe de todo o gênero humano, que é Mãe dos filhos como também das mães.
Sabendo dos grandes prodígios e graças alcançados pela Medalha Milagrosa, deu uma ao filho, pedindo-lhe que a levasse sempre na carteira. O rapaz obedeceu e, para surpresa de todos, deixou imediatamente de beber, regenerando-se por inteiro do vício.
O relato emocionante nos foi enviado por um conhecido da família.
* * *
Capela das aparições na rue du Bac, em Paris
Foi em 1830 que Nossa Senhora apareceu, em Paris, a Santa Catarina Labouré, então jovem religiosa, e lhe ensinou a devoção da Medalha Milagrosa1.
“Fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança” — prometeu a Santíssima Virgem.
A promessa efetivamente se cumpriu.
Quando iam ser cunhadas as primeiras medalhas, uma terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, atingia Paris.
O flagelo se manifestou a 26 de março de 1832 e se estendeu até meados do ano. A 1º de abril, faleceram 79 pessoas; no dia 2, 168; no dia seguinte, 216, e assim foram aumentando os óbitos, até atingirem 861 no dia 9. No total, faleceram 18.400 pessoas, oficialmente; na realidade, esse número foi maior, dado que as estatísticas oficiais e a imprensa diminuíram os números para evitar a intensificação do pânico popular.
No dia 30 de junho, foram entregues as primeiras 1500 medalhas que haviam sido encomendadas à Casa Vachette, e as religiosas Filhas da Caridade começaram a distribuí-las entre os flagelados. Na mesma hora refluiu a peste e começaram, em série, os prodígios que em poucos anos tornariam a Medalha Milagrosa mundialmente célebre.
O Arcebispo de Paris, que autorizara a cunhagem da Medalha e recebera logo algumas das primeiras, alcançou imediatamente uma graça extraordinária por meio delas, e passou a ser propagandista entusiasta e protetor da nova devoção. Também o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribuí-las a pessoas que o visitavam.
Até 1836, mais de 15 milhões de medalhas tinham sido cunhadas e distribuídas, no mundo inteiro. Em 1842, essa cifra atingia a casa dos 100 milhões. Dos mais remotos países chegavam relatos de graças extraordinárias alcançadas por meio da medalha: curas, conversões, proteção contra perigos iminentes etc.
Na cadeira que se encontra na capela das aparições, Nossa Senhora sentou-se para conversar com Catarina, na noite de 18 de julho de 1830
Prodigiosa conversão
Mas, em janeiro de 1842, a conversão espetacular do judeu Afonso Ratisbonne — que apresenta notável analogia com a conversão do Apóstolo São Paulo na estrada de Damasco — chamaria ainda mais as atenções sobre a Medalha Milagrosa. Ratisbonne, jovem banqueiro de Estrasburgo, cheio de preconceitos e antipatias contra a Igreja Católica, estava viajando por Roma quando aceitou, meio a contragosto, uma Medalha Milagrosa que lhe ofereceu um nobre francês. Poucos dias depois, inesperada e milagrosamente, a Virgem lhe apareceu na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte, e em poucos segundos o antigo inimigo da Igreja transformou-se no apóstolo ardoroso que viria a fundar, juntamente com seu irmão Padre Teodoro Ratisbonne, a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de Sion, dedicada à conversão dos judeus.
Em 1876, ano da morte de Santa Catarina Labouré, mais de um bilhão de Medalhas Milagrosas já espalhavam graças pelo mundo.
Em 1894, a Santa Igreja instituiu a festa litúrgica de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, a ser celebrada no dia 27 de novembro.
Em 1980, quando se comemoravam 150 anos da revelação da Medalha Milagrosa, o próprio João Paulo II, compareceu como peregrino ao local das aparições.
Conjunto escultural existente numa parede do interior do Convento das Filhas da Caridade, na rue du Bac, em Paris
La Salette, Lourdes, Fátima
Para os devotos e propagandistas de Fátima, a Medalha Milagrosa tem um significado muito especial.
As aparições de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré, em 1830, marcaram o início de um ciclo de grandes revelações mariais. Esse ciclo prosseguiu em La Salette (1846), em Lourdes (1858) e culminou em Fátima (1917).
Desde 1830 Nossa Senhora se manifesta deplorando os pecados do mundo, oferecendo perdão e misericórdia à humanidade pecadora e prevendo severos castigos caso ela não se convertesse. Mas também anunciando que, após esses castigos, viria um triunfo esplendoroso do Bem.
Em novembro de 1876, um mês antes de sua morte, Santa Catarina Labouré afirmou: “Virão grandes catástrofes.... o sangue jorrará nas ruas. Por um momento, crer-se-á tudo perdido. Mas tudo será ganho. A Santíssima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem, oferecendo o mundo ao Padre Eterno, for honrada, seremos salvos e teremos a paz”.
E em 13 de julho de 1917, Nossa Senhora prometeu formalmente em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
* * *
O leitor quer ter uma idéia da abundância e variedade dos dons concedidos por meio da Medalha Milagrosa?
Quer ter uma compreensão viva de como ela é atual nos dias difíceis que estamos vivendo?
Pois então leia os impressionantes depoimentos a seguir — todos documentados e recentes, pois se referem ao período de outubro de 1993 a novembro de 1997. São depoimentos de homens e mulheres das mais variadas regiões do Brasil, os quais alcançaram graças por meio da Medalha Milagrosa2.
Catarina distribui medalhas entre os soldados revolucionários da Comuna de Paris, em 1871, que tinham invadido o Asilo do Enghien
Graças extraordinárias
Não pretendemos, é claro, afirmar que todos esses impressionantes relatos sejam milagres propriamente ditos; somente a Igreja tem autoridade para declarar se um determinado fato excepcional foi realmente milagroso, e Ela só costuma fazer uma declaração dessas após minuciosas e severas investigações.
Chamemos a esses fatos, pois, simplesmente graças. São graças que fiéis narram ter alcançado, e que lemos com respeito e espírito de fé. Possam esses depoimentos nos animar a, em dificuldades semelhantes, fazermos também nós uso devoto da Medalha Milagrosa e invocarmos com confiança a proteção de Nossa Senhora das Graças.
É importante notar que a Medalha Milagrosa não deve ser usada à maneira de um talismã, como se tivesse força e eficácia mágicas.
O fiel católico deve usá-la com verdadeiro espírito de fé, tendo presente que o melhor modo de alcançar graças e favores de Deus é não ofendê-Lo, cumprir seus Mandamentos, praticar a oração e freqüentar os Sacramentos
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